Cozinha da Matilde

Terrine de figos com mel e coalhada seca

Eu sou apaixonada por figos, é das frutas favoritas. Ele consegue ser suave com personalidade e tem uma textura ímpar, que remete ao prazer de estourar ovas de peixe nos dentes. É, na minha opinião, um dos sérios candidatos a caviar vegetal!

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Na comida o danado é versátil, vai de preparos salgados – perfeitos em saladas, molhos e assados – a todos os doces, do chocolate à pavlova, tudo casa bem com o figo. Por aqui o mais comum que temos é o roxo, que deu destaque à cidade de Valinhos no interior de São Paulo. Em Goiás é o doce mais tradicional, feito com ele verde.

Fora do Brasil a gente sempre encontra dos pretos, brancos/verdes e roxinhos púrpura bem pequenos, todos dulcíssimos, das coisas melhores que já comi, inesquecíveis!

E é com figos que faço mais essa não-sobremesa, muito fácil e fofolet, encerra com chave de ouro qualquer jantar olho no olho, mão na mão…

receita

 

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Já disse, sou a rainha das não-sobremesas, ou seja, qualquer coisa adocicada, em geral uma fruta, preparada de maneira bacaninha, “pareada” com alguns ingredientes queridos, e voilá: parece sobremesa, deixa feliz como sobremesa e leva uns míseros minutos de preparo.

São um coringão, de fato. Só não chame de sobremesa para não magoar aquele seu amigo patissieur que trabalha por horas a fio em mini obras de engenharia doces…

 

Ingredientes – 1 porção

4 figos descascados

1 colher (sopa) de coalhada seca ou marscapone ou creme azedo (eu prefiro coalhada)

1 colher (sopa) generosa de mel

 

Modo de fazer

Forre um ramekin (potinho de cerâmica, mas pode ser de plástico ou uma xícara larga) com filme plástico, deixe as bordas excedentes para fora.

Disponha os figos comprimindo-os uns contra os outros para caberem. Feche com as bordas do filme plástico que sobraram.

Leve ao congelador por cerca de 15 a 20 minutos. Ele não deve congelar, apenas gelar bem.

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Abra o filme plástico e com cuidado desenforme a terrine, os figos vão ficar grudadinhos e fica parecendo uma espécie de “machetaria” de frutas.

Disponha a coalhada seca sobre os figos e regue com o mel. Está pronto!

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Esta é apenas a variação mais simples que faço dessa terrine, que também faço maior, muitas vezes salgada, com redução de balsâmico ou melaço de romã, polvilhada com nozes, para acompanhar saladas… enfim, com essa idéia básica se joga, ela rende mil preparos!

Bom apetite!

Harmoniza com…

para beber

por
marcelo pedro

Adoro figos, in natura, doce de figo verde, figo ramy, figo seco turco, mini figo seco iraniano, figada, carpaccio de figo na salada. Com esta terrine não foi diferente. Muito leve, pouco doce, refrescante. Acho que até nosso amigo Fabricio, que diz que fruta não é sobremesa, aprovaria. E ainda por cima é versátil para harmonização com vinhos.

Poderia ser um espumante branco, frutado, não exageradamente mineral e seco, talvez até um Démisec se sairia bem. Seria minha opção para acompanhar esta sobremesa após o almoço de um domingo quente de verão. Ainda na linha do calorão, um bom vinho branco seco também vai muito bem. Poderiam ser os clichês – não esqueça que viraram clichê por serem apreciados – chardonnay ou sauvignon blanc.

Se a Terrine for sobremesa de um jantar de inverno, aí seriam perfeitos vinhos adocicados de sobremesa: um colheita tardia chileno ou mesmo brasileiro, ou os mais caros sauternnes e tokaji. Além desses, um bom Porto branco também cairia muito bem, menos adocicado, mas mais alcoólico. Ideal para quem, como eu, não aprecia mesmo os melhores vinhos de sobremesa, devido ao excesso de doçura.

Enfim, tem pra todos os gostos, bolsos e estações!


para ouvir

por
marina novaes

Na minha infância, no quintal da casa dos meus pais, tinha uma figueira. Eu abria a janela do meu quarto e lá estava ela! Eu adorava, só na minha casa tinha uma árvore de figo, que sonho!

Mas, quando a figueira dava frutos, os passarinhos sempre atacavam antes que a gente… E isso não era nada legal, além de frustrante. Tanto que chegou um dia que o jardineiro tirou a árvore dali.

Além de adorar comer, eu curtia a idéia que o figo era uma flor E uma fruta. E quando me contaram no catecismo, que Adão e Eva cobriam suas “partes íntimas” com uma folha da figueira, eu ficava tentando imaginar como eles conseguiam achar cola lá no Paraíso para grudar neles.

Em 1985, quando a Baby Consuelo lançou o disco Sem Pecado e Sem Juízo, e cantava a música de mesmo nome, eu imaginava o paraíso todo azul e recheado de figueiras.

Hoje, já imagino que depois da maçã Adão e Eva ficaram no clima “superstar sempre feliz”, devorando essa Terine de Figos e tomando um chardonnay!