Sazonal 4 – Creme de caqui com nibs de cacau e inverno primaveril…
Fotos: Flavia Valsani – Assistência: Zeza Maria – Produção: André Araújo e Letícia Massula
eu nem vou mais pedir desculpas pelo sumiço… a coisa virou rotina, chegamos ao fim do ano e foram poucas as postagens por aqui, apesar do esforço para não deixar isso acontecer e da pilha de material produzido se acumulando à espera de ser publicado… e eu aqui, agoniada, entoando oração ao tempo como quem entoa um mantra…
tempo, tempo, tempo, tempo
entro num acordo contigo
tempo, tempo, tempo, tempo
e não rolou, semana após semana eu tentava parar um pouco o tempo para postar a tempo, antes da primavera, o que restava das receitas de inverno. não houve tempo. e foi assim que o inverno invadiu a primavera aqui no blog, e você confere agora uma receita linda, deliciosa que a gente fotografou meses atrás, em um dia de outono, no auge dos caquis.
O último post da série Sazonal, feita em parceria coma Bia Perotti do Os Achados.
receita
Creme de caqui com nibs de cacau
Essa sobremesa aqui entra naquela categoria de não-receitas, de tão simples que é. E o incrível é que na mesma medida ela é gostosa, delicada, cremosa, daquele tipo de comida que conforta, afofa, apaixona!
No dia da sessão, quando me dei conta, a Bia tinha dado cabo de toda a taça que montei. Ela começou a comer posando para as fotos, e no final da história só o que importava mesmo era dar cabo da sobremesa. E entre suspiros ela repetia sem parar: – Leeeee, isso é bom demais!
Não é que ficou boa mesmo a danada?
Ingredientes – 4 porções
- 3 xícaras de polpa de caqui bem maduro
- ½ xícara de creme de leite fresco
- 3 caquis cortados em gomos
- 4 colheres de nibs de cacau (amêndoa de cacau torrada e moída grosseiramente)
Modo de fazer
Batra a polpa de caqui com o creme de leite até obter um creme.
Monte as taças: 4 gomos de caqui no fundo de cada taça + creme de caqui.
Finalize cada taça com 2 gomos de caqui e uma colher de nibs de cacau.
Tá pronto! Não acredita? Eu juro! ;)
Bom apetite!
Harmoniza com…
(Marina está fora novamente, viajando a trabalho, volta no próximo post!)
para beber
por
marcelo pedro
Poderia ser óbvio e harmonizar o creme de caqui com um espumante rosé, que iria ficar muito bom. Mas que tal ser diferente e beber um Jerez? Um Manzanilla bem fresquinho e seco fica muito mais elegante. Sem ofuscar e ser ofuscado pelo creme que é bem levinho. Mas nada de jerez adocicado, de sobremesa, como o cream e pale cream. Também acho que jerez mais envelhecidos, como amontillado e oloroso, por sua maior complexidade comprometeriam e apagariam o creme de caqui.
Mas se você prefere uma bebida mais doce para acompanhar a sobremesa, outra opção seria a Ginjinha de Óbidos, um licor originário da cidade medieval do Alentejo. A ginja (Prunus cerasus) é um fruto silvestre, aparentado a cereja, que tem bastante acidez e um leve amargor. As frutas são maceradas e adicionadas a açúcar e aguardente vínica, e na receita original conventual dos monges cisterciences não recebe adição de quaisquer conservantes. Tem uma linda cor rubi, e por ter alto teor alcoólico pode ser consumida como aperitivo antes da refeição, ou como digestivo. A ginjinha é produzida desde a antiguidade e Plínio, o velho, famoso escritor romano, já relatava as qualidades da ginja produzida na Lusitânia.
Existem duas versões, sem e com as frutas na garrafa. Em Portugal, diz-se popularmente que se bebe a ginjinha “sem elas” ou “com elas”, respectivamente. Porém, a versão com as frutas pode ter adição de canela e baunilha, o que deixa a bebida muito complexa para acompanhar a delicadeza da sobremesa de hoje. Então, brindemos com ginjinha pura “sem elas”, saúde!