Salteado de Palavras 4 – Matilde
Um salteado curto e doce. Pra quem sabe plantar, colher, compartilhar e acolher. Pra todos os dias de Matilde, no coração de quem a inventou e, noutro dia ali, aniversariou.
Matilde
Ah, Matilde!
tanta semente plantada
grãos, terra, pedrinha, chão
rega tudo com afeto e água de reúso
já se vê folhas, flores, frutos de qualquer estação
tanto caminho trilhado
na faca e no facão
cortes sutis e certeiros
na grelha e no fogão
a cozinha tempera
experimenta os dissabores
ajusta o foco, ajusta o sal
sonha, cria, inventa e reinventa receitas
pra hoje e amanhã
sob a proteção de Catarina
e o amor poético de Neruda
está Matilde
onde tudo tem nome
cheiro, sabor, gosto
saber, história, origem
onde processo é tão ou
mais bonito que resultado
quando dá certo e quando dá errado
Ah, Matilde!
indignada e doce
cada vez mais rosa e azul
verde irreverente
vermelho pimenta
Brasil com s
mais latino-americano impossível
e até gringo baba, até
Matilde, a mulher
Matilde, a cozinha
mesa farta, casa em festa
tempo de colher
compartilhar
acolher, e plantar
o dia a dia
até a próxima colheita
da vida imperfeita.