Na Cabeceira 42 – Mil dias em Veneza e Mil dias na Toscana
Mil dias em Veneza e Mil dias na Toscana
Marlena di Blasi – Ed. Sextante
Aproveitei os dias na praia para ler muito, como sempre faço nas férias. Ao todo foram 6 livros que me fizeram companhia nos dias de puro relax ao balanço da rede.
Terminei, enfim, os dois que faltavam da Marlena di Blasi: Mil dias em Veneza e Mil dias na Toscana, e adorei. Fiquei fã da moça, queria ser amiga dela!
Confesso que no começo do Mil dias em Veneza achei que a coisa ia descambar e ficar água com açúcar/amorzinho demais… estava errada.
Quer dizer, tem um lado água com açúcar sim, afinal se trata de uma história de amor, o encontro de um casal em Veneza… mas mesmo este lado é bacana, vale a pena.
Me identifiquei muito com a relação que ela estabelece ao longo da história com os fornecedores de comida que passa a conviver. Em alguns momentos eu podia fechar os olhos e pensar que ela estava falando de mim. A mesma admiração respeitosa, o mesmo desejo de pertencimento, de compartilhar com pessoas que fazem parte do nosso universo particular de cozinha, que entram na vida da gente e que muitas vezes sabem mais dos nossos humores e angústias que os amigos mais próximos (afinal de contas, são eles os caras que me recebem às sete da matina com cara de sono, embaraçada com a lista imensa e com o peso do carrinho).
No Mil Dias na Toscana não tem como não enlouquecer com os produtos locais, o ciclo dos alimentos, da uva ao vinho, da azeitona ao azeite, além das trufas, vegetais, carnes… tudo no seu tempo e ritual certos. São as melhores receitas da trilogia, estou com várias delas anotadas para reproduzir aqui. Também me inspirei a fazer um círculo de pedra no quintal para assar carnes lentamente, e fazer um feijão com vinho na garrafa que é melhor nem contar…
Se fosse só a comida os livros já valeriam a pena. Mas à medida que lia percebia que não era só ela que me prendia ao livro, e sim uma afinidade muito grande com o processo de amadurecimento da autora. Sua maneira de viver a vida, de olhar pra ela, de saber o valor exato de cada coisa e as verdadeiras razões por trás dos motivos mais banais. No fim, o saldo é que, apesar de água com açúcar, mexeu comigo. Chamou atenção para o que era preciso, indicou caminhos e explicou muita coisa que eu só sabia sentir.