Caipira, pirapora! Bolinho caipira do Vale do Paraíba
Desde a minha primeira quermesse (foto acima) que adoro os festejos de junho. Acho delicioso o climão de festa, a música, as cores, os aromas e é claro, as comidas juninas! Acho tudo bom: quentão, vinho quente, pipoca, paçoca, canjica, arroz doce, bolo de macaxeira, maça do amor, cuzcuz… e desde que vim morar no Vale do Paraíba em 1984 me apaixonei pelo Bolinho Caipira, que é a grande vedete das festas da região e que só existe lá.
Eu gosto de pensar que são eles os famosos bolinhos da Tia Anastácia do Sítio do Pica-pau Amarelo (aqueles que deixaram o Minotauro maluco!), já que Monteiro Lobato era de Taubaté.
Em forma de charutinho dourado, é uma massinha fina e crocante de farinha de milho, recheada com carne moída bem temperada que solta um caldinho delicioso, que se mistura à “polpa” do bolinho, que por sua vez fica quase líquida, em ponto de polenta mole… hummmmm, escorre pela boca, quente: bocada de pura alegria!
Minas Gerais tem a sua versão, mas com outra forma (de pastelzinho, risoles), outros recheios (frango, carne, palmito, umbigo de banana, entre outros) e com o nome de Pastel de Angú. Mas guardadas as diferenças é o mesmo acepipe.
O bolinho caipira do Vale tem recheio de carne de vaca. Já me contaram que em Jacareí a gente encontra recheado de carne de porco, mas esses são novidade, o tradiça mesmo é de carne moída bovina.
Há anos eu não fazia bolinho caipira. Foi muito legal rememorar e revisitar essa delícia. E desta vez percebi mais uma coisa: o bolinho é a versão brazuca da tortilla mexicana, que também vem da farinha de milho, mas tem forma achatada e é feita na chapa ou frita, com recheio em cima. São primas, com toda certeza.
Comida com calor humano
Ah, e fica a dica: esta também é daquelas comidas que a gente tem que fazer coletivamente. Prepare a massa e o recheio antes e junte a turma em volta da mesa para enrolar os bolinhos enquanto conta as novidades. Está garantido um dia delicioso com os amigos. Ontem contei com a ajuda do Rica e do Hamilton para a enrolação, conversação e degustação! Valeu, meninos!
Bolinho Caipira
do Vale do Paraíba
Ingredientes:
Óleo para fritar
Massa
500 g de farinha de milho amarela
2 colheres de sopa de farinha de mandioca
+ ou – 1,5 l de caldo de carne
2 colheres de sopa de óleo
sal a gosto
Recheio
400 g de carne moída – eu usei fraldinha
1 cebola média cortada em cubos mínimos (brunoise)
4 colheres de sopa de cheiro verde picadinho
3 pimentinhas de bode amassadas (opcional – mas fica muito melhor com!)
sal e pimenta do reino a gosto
Massa
A primeira coisa é desfazer os grumos da farinha. Você pode esfregá-la com as mãos ou passá-la por uma peneira, mas a melhor maneira é bater a farinha pura (sem água, sem nada) no liquidificador, vai ficar apenas o pó de farinha sem os grumos.
Tem gente que em lugar de caldo de carne caseiro usa caldo industrializado dissolvido em água, eu nunca uso caldo industrializado. Fiz um caldo bem bacana para os bolinhos (semana que vem posto aqui a receita e as fotos).
Tá, vc acha dificil fazer caldo. Em ultimo caso eu usaria água quente, talvez colocasse alho, salsinha para ferver junto, mas não usaria caldo industrializado. Mas se vc quiser, pode usar.
Coloque a farinha sem grumos e a de mandioca em uma bacia, junte o óleo e adicione o caldo quente aos poucos. Primeiro você deve usar uma colher para misturar, mas assim que aguentar a temperatura você deve começar a sovar a massa com as mãos (em geral dá uma queimadinha, mas nada grave… rsrsrsrs).
Sove bem e acrescente mais caldo de acordo com a necessidade. Ao final vc deve obter uma massa lisa e fácil de moldar (lembra das massinhas de modelar da infância? então, a consistência é a mesma).
Deixe a massa descansar por meia hora coberta com filme plástico.
Recheio
Misture a carne, a cebola, o cheiro verde e a pimenta. Ajuste o sal. Está pronto o recheio. A carne entra crua mesmo no bolinho e vai cozinhar durante a fritura.
Enrolação e fritura
Abra pequenas porções de massa na mão e recheie com a carne moída temperada e então feche o bolinho formando pequenos charutinhos.
Frite em óleo quente mas não muito quente, senão ele doura muito rápido, não cozinha direito a carne e fica seco por dentro. Vá testando a temperatura e experimentando os bolinhos até chegar ao ideal! :)
Não é legal guardar para fritar no dia seguinte, até rola, mas eles racham. Nunca congelei, não sei como se comportam, se alguém aí souber, compartilhe, please!
Harmoniza com… por Marina Novaes (na Pick’up ) e Marcelo Pedro (no Copo)
Meu Sítio, Meu Paraíso (Zé do Rancho)
Artista: Conversa Ribeira
Disco: Conversa Ribeira
O trio Conversa Ribeira é formado por Andrea dos Guimarães (voz), João Paulo Amaral (viola e voz) e Daniel Muller (piano e acordeon). Dedicam-se com afinco à criação de novas interpretações e arranjos para canções ligadas ao universo da música caipira, misturando modas de viola, melodias folclóricas com pitadas de sutileza e recheadas de sentimento.
Festa Junina aqui no sudeste também é conhecida como Festa Caipira, e nada mais aconchegante que a tradição, com seus perfumes, aromas e encanto. Principalmente se o cenário é final de tarde ensolarado, numa varanda com rede, cheia de amig@s e boa prosa. E a moda “Meu Sítio, Meu Paraíso”, composto por Zé do Rancho, é a pedida perfeita para o Bolinho Caipira, cheio de simplicidade, mas também de riqueza e com gosto de saudade.
Minha dica é uma cerveja weiss de trigo, como a A Erdinger Weissbier. É uma cerveja de trigo com levedura fina e tradicional maturação dentro da própria garrafa, similar aos champanhes. É leve, viva, muito aromática e refrescante, clássica entre as cervejas de trigo. Vai muito bem com a suavidade do bolinho caipira, principalmente se vc colocar uma pimentinha malagueta.
Ou vc pode, como eu, esperar 20 dias e pedir uma nova leva de bolinhos para tomar com a Love Weiss que as Maltemoiselles vão fazer no próximo sábado!